Texto elaborado por Francisco Cavalcante: francisco@fcavalcante
A recomendável separação de papéis do empresário
Um dos desafios mais importantes para os empresários é o de separar seus papéis como “gestor e investidor” dentro de sua própria empresa.
Essa distinção é crucial para o sucesso de longo prazo da sua empresa.
Porém, esse futuro é frequentemente comprometido por uma série de fatores emocionais que prejudicam decisões importante tomadas no dia a dia.
Empresário no papel do gestor
Como gestor, os empresários estão diretamente envolvidos nas operações diárias de suas empresas.
Eles tomam decisões táticas e estratégicas, além de gerenciar equipes com o objetivo de assegurar que os resultados da sua empresa sejam alcançados.
Este papel de gestor requer um profundo conhecimento do negócio, uma atenção constante aos detalhes e um compromisso inabalável com o sucesso operacional.
Do ponto de vista financeiro, sucesso operacional pode ser traduzido como “otimização do lucro operacional”.
A expressão “otimização do lucro operacional” significa aumentar a eficiência e a rentabilidade de sua empresa, visando maximizar o lucro gerado pelas operações principais.
Empresário no papel do investidor
Por outro lado, como investidor, os empresários devem adotar uma perspectiva diferente.
O papel do investidor envolve avaliar o desempenho da sua empresa de uma forma mais distanciada e objetiva.
O foco está em maximizar o retorno sobre o investimento, via distribuição de dividendos aos sócios e valorização da empresa no longo prazo.
Este papel se assemelha ao de um investidor minoritário numa empresa de capital aberto. Este investidor minoritário está interessado apenas na distribuição de dividendos e valorização da ação.
As dificuldades encontradas na separação dos papéis
A principal dificuldade encontrada na separação dos papéis é a influência das “emoções e apego” nos momentos de tomada de decisões estratégicas ou táticas.
Como gestores, empresários investem tempo, esforço e “paixão” no crescimento do negócio.
A “paixão, emoções e apego” no exercício do papel de gestor pode dificultar a tomada de decisões racionais e objetivas necessárias no papel de investidor.
Exemplos de decisões impactadas pela emocional “paixão, emoções e apego” que contrapõe o interesse do empresário investidor versus empresário gestor:
- O empresário gestor mantém a primeira linha de produtos da empresa que há anos é deficitária. Esta decisão empurra o resultado da empresa para baixo prejudicando o empresário investidor;
- O empresário gestor não substitui lideranças ineficientes porque fazem parte da primeira geração de executivos da empresa, sendo muitos deles seus amigos. Empurra o resultado da empresa para baixo prejudicando o empresário investidor;
- O empresário gestor não contrai dívidas a custos e prazos competitivos para impulsionar o crescimento, pois por tradição a empresa trabalha com endividamento zero. Limita o potencial de crescimento do lucro operacional prejudicando o empresário investidor etc.
O risco no longo prazo em não separar bem os papéis de gestor e investidor
Ao longo dos anos, o empresário como investidor pode perceber que a gestão da sua empresa não lhe trouxe bons dividendos, ou dividendos estão aquém do esperado.
Os dividendos crescem devagar, ou andam de lado ou até seguem uma linha decrescente.
Adicionalmente, existe a percepção por parte do empresário que sua empresa vale igual ou até menos hoje que valia no passado, mesmo que nenhum trabalho de valuation tenha sido elaborado.
Consequência: O empresário poderá se desinteressar, se desmotivar pelo negócio ao longo dos anos.
Possivelmente o mesmo acontece com a geração seguinte que poderia assumir os negócios da família.
Trazer novos executivos de ponta para tocar o negócio? Difícil. Não se sentirão atraídos.
Tudo isso somado se traduz, na maioria das vezes, em “puxar o freio de mão” para novos investimentos.
O “círculo vicioso” tende a acentuar-se.
Ações ou eventos negativos levam a outros eventos negativos, criando um ciclo de deterioração contínua e problemas cumulativos.
Por exemplo: a empresa entra numa situação financeira frágil e, portanto, corta investimentos em qualidade e inovação. Impacto: reduz a satisfação do cliente e as vendas diminuem, levando a mais fragilidade financeira e, assim, perpetuando o ciclo negativo.
Qual é o fim da linha?
- Recuperação Judicial. Pior dos mundos.
- Empresa sobrevive num estado “vegetativo”. Até quando?
- Venda da empresa. Saída “por baixo”. Valuation ruim.
Recomendações a empresários e gestores
Primero posicione-se como investidor. Depois como gestor.
Defina metas claras de recebimento de dividendos e valorização do negócio.
Se o gestor da sua empresa for um profissional externo, isso tende a ser mais fácil.
Se a gestão da sua empresa for feita você ou familiares, exigirá muita disciplina.
Tome decisões estratégicas e táticas com base na razão, não na emoção.
Seu interesse como investidor de longo prazo deve prevalecer – dividendos mais valorização da empresa.
Um histórico de performance atraente facilita a construção de uma narrativa sobre um futuro promissor, beneficiando possíveis transações de M&A, contratação de financiamentos, motivação de sucessores e atração de talentos.
Isso vale também para um IPO – Initial Public Offering
Para maximizar o valor de sua empresa é crucial que você, como empresário, consiga separar bem seus papéis de gestor e investidor.
Mantenha o foco na otimização do lucro operacional e na valorização do negócio.
Assim, estará mais bem posicionado para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades no mercado de M&A quando elas surgirem.
Para falar com a Cavalcante envie e-mail para Francisco Cavalcante: francisco@fcavalcante.com.br
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